Introdução
Comentou-se o fato de os gêneros literários recorrerem a conteúdos ou mesmo às técnicas do jornalismo com o objetivo de retratar de forma crítica a realidade do mundo atual. Assim, existem interseções entre jornalismo e literatura, incluindo o consumo utilitarista e a obsolescência rápida. Por vezes, há pouca diferença entre a abordagem do fato jornalístico e a ficção literária.
Falou-se ainda que o texto jornalístico deve basear-se em princípios: tão gerais que permitam a sua atualização e a absorção de mudanças diacrônicas; tão específicos que permitam a sua identificação enquanto gênero e os seus objetivos (informação, opinião). Classificou-se a dualidade geral/específico do gênero jornalístico como "instabilidade do gênero".
Linguagem Jornalística
Ao definir a linguagem jornalística, impõe-se-lhe limites, pois "definir é restringir". As restrições relacionadas à linguagem jornalística estão relacionadas com:
- registros de linguagem: deve-se equilibrar a acessibilidade e a eficiência da linguagem coloquial com as pressões jurídico-sociais em favor da linguagem formal;
- processos de comunicação: prosa, função referencial, em 3ª pessoa, dando verossimilhança, objetividade e certa neutralidade ao texto.;
- compromissos ideológicos: os quais são determinados social, histórica e culturalmente - a linguagem aqui é tida como articuladora da cultura e mantenedora da identidade/língua nacional.
Fait-divers e a antítese
Matéria jornalística que não se situa em campo de conhecimento pré-estabelecido. Interessa-se por si mesmo, não depende de nada exterior ou passado: é inconsequente - aproximando-se do conto. Cobre situações de cúmulo, de contradição radical, impactantes (como a tragédia na boate Kiss no início deste ano, a morte de motociclistas degolados por linhas com cerol, o assassinato de um paciente que acabara de receber alta da UTI onde havia permanecido em coma por 10 anos, a morte de Moisés antes de chegar à terra prometida, a morte de Tancredo Neves antes de tomar posse como primeiro presidente da re-democratização brasileira de 1985, etc.). Lembra o cúmulo (contradição) já presente nas tragédias gregas e a antítese (figura de linguagem).
Jornalismo enquanto gênero literário
O jornalismo pode ser considerado como gênero literário na medida em que a definição de gênero flexibiliza-se, não se enrijece, apresentando-se como "um tipo de construção estética determinada por um conjunto de disposições interiores em que se distribuem as obras segundo as suas afinidades intrínsecas e extrínsecas" e não como "um conjunto de normas objetivas a que toda composição [pertencente àquele gênero] deve obedecer".
Há três acepções para a literatura:
- sentido lato: toda expressão verbal, falada ou escrita;
- sentido corrente: expressão verbal com ênfase nos meios de expressão, sem exclusão dos fins;
- sentido restrito: arte da palavra, finalidade puramente estética.
Certamente, se a literatura for concebida em seu sentido restrito (arte), o jornalismo não poderá ser considerado como gênero literário. Entretanto, se a literatura for concebida em seu sentido corrente (expressão verbal com ênfase nos meios de expressão, sem exclusão dos fins), sim.
Segundo Nilson Lage, a finalidade do jornalismo é transmitir a informação, processá-la em escala industrial e para consumo imediato. A ênfase de Nilson Lage, como vimos em Teorias do Jornalismo, está na exposição do fato, do referente, de forma objetiva, sem muito espaço para a estética própria da literatura em seu sentido restrito. Entretanto, para autores como Nelson Traquina, há espaço na literatura jornalística para a narração do fato (hiper-realidade), inclusive para um certo viés estético, desde que não se perca o contato com o fato: a informação do fato, a formação de opinião pelo fato, a atualidade do fato, o estilo pessoal do jornalista ao abordar os fatos.
Gostaria aperfeiçoar-me mais em conteúdos direccionados as aulas de língua portuguesa específicas para jornalistas, gostei deste toque.
ResponderExcluirMais dicas sobre o assunto serão sempre bem vindas.
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