Resumos de aulas do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás - Turma de 2013
sexta-feira, 28 de junho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Sociologia - Aula #
Apresentação dos seminários:
- A música na sociedade moderna
- Cinema e indústria cultural
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Língua Portuguesa I - Aula 10
Estudo do gênero literário CRÔNICA.
Origens da palavra "crônica": A palavra crônica teria suas origens na palavra grega chronos. O mito em torno do deus grego Chronos (deus do tempo, equivalente ao deus romano Saturno) consiste no fato de que ele, com medo de ser destronado, engolia seus próprios filhos. Um deles, Zeus, com a ajuda da mãe, teria escapado e, mais tarde, feito o pai vomitar todos os seus irmãos, arrastando-o para o Tártaro e prendendo-o no mundo subterrâneo, juntamente com os outros titãs, tornando-se, assim, divindade suprema do Olimpo, deus do céu. O conceito por trás do mito consiste no fato de Chronos, assim como a crônica, querer barrar a passagem do tempo (cronológico). Ao engolir os filhos, Chronos eternizava-se no poder, cristalizando o tempo. Da mesma forma, a crônica tenta captar uma fração do tempo cronológico, eternizando-a.
A crônica segundo os cronistas: Para Machado de Assis, a crônica seria "a fusão admirável do útil e do fútil". Para Carlos Drummond de Andrade, a aparente frivolidade/insignificância da crônica contrasta com a monstruosidade amarga dos desastres. Sem a obrigação da apuração, correção, avaliação crítica de fenômenos sociais, o cronista (ao contrário do jornalista) joga um "jogo que esgota-se em si, para recomeçar no dia seguinte, sem obrigação de sequência". A crônica, em sua origem legada a um canto ou às margens das páginas dos jornais, seria como aqueles objetos pequeninos, aparentemente inúteis, guardados num canto da casa, "os nadas de uma existência atulhada de objetos imprescindíveis e, ao cabo, indiferentes, quando não fatigantes". Para Vinícius de Moraes, as crônicas são colhidas das notícias ou da concentração do cronista, havendo: os que a fazem de maneira simples, direta; os que a fazem de modo lento, demorado; os que a fazem no ou-vai-ou-racha; os eufóricos, os tristes, os modestos, os vaidosos, etc. Uns são lidos por prazer, outros por vício. Mas este gênero "menor" ou "marginalizado", segundo ele, caíram no gosto do público, que o saboreia como quem toma um "cafezinho quente seguido de um bom cigarro".
A crônica segundo os teóricos/críticos do gênero: Inicialmente, a crônica destinava-se a contar relatos verídicos, históricos, cronológicos, geralmente ligados ao cotidiano/história da nobreza (exemplo: primeiro e segundo livro das Crônicas presentes no Antigo Testamento da Bíblia cristã). É a partir do século XIX que os cronistas transformam a crônica em um motivo de reflexão sobre a vida social, os costumes, o cotidiano. Usualmente assinada, a crônica atual tem motivos diversos, recebendo, conforme a esfera social que retrata, um qualificativo: literária, policial, esportiva, política, jornalística, etc.
Segundo Sérgio Roberto Costa: texto curto, simples, acessível a todos, de interlocução direta com o leitor, com marcas de oralidade. Sua função: agradar aos leitores. Tema preferido: o acontecimento insignificante, ao qual ninguém tenha prestado atenção, o fato miúdo, a cena corriqueira. "É a pausa de subjetividade, ao lado da objetividade do restante do jornal. Considerada um gênero menor da literatura, pode, entretanto, conter seus momentos mais altos, a filosofia do cotidiano, a agudeza dos bons ensaios". Segundo Antônio Cândido, trata-se da "sensibilidade de todo dia", que "na sua despretensão, humaniza". Para Afrânio Coutinho, é o "gênero literário mais ligado ao jornal", com uma natureza, ao mesmo tempo, literária e ensaística. Ao passo que o jornalista veicula a informação ou a opinião por meio da notícia, o cronista usa-a como pretexto, veiculando uma "reação individual, pessoal, íntima, diante do espetáculo da vida". Uma busca por transcendência e arte, sobreposta a objetividade jornalística.
Origens da palavra "crônica": A palavra crônica teria suas origens na palavra grega chronos. O mito em torno do deus grego Chronos (deus do tempo, equivalente ao deus romano Saturno) consiste no fato de que ele, com medo de ser destronado, engolia seus próprios filhos. Um deles, Zeus, com a ajuda da mãe, teria escapado e, mais tarde, feito o pai vomitar todos os seus irmãos, arrastando-o para o Tártaro e prendendo-o no mundo subterrâneo, juntamente com os outros titãs, tornando-se, assim, divindade suprema do Olimpo, deus do céu. O conceito por trás do mito consiste no fato de Chronos, assim como a crônica, querer barrar a passagem do tempo (cronológico). Ao engolir os filhos, Chronos eternizava-se no poder, cristalizando o tempo. Da mesma forma, a crônica tenta captar uma fração do tempo cronológico, eternizando-a.
A crônica segundo os cronistas: Para Machado de Assis, a crônica seria "a fusão admirável do útil e do fútil". Para Carlos Drummond de Andrade, a aparente frivolidade/insignificância da crônica contrasta com a monstruosidade amarga dos desastres. Sem a obrigação da apuração, correção, avaliação crítica de fenômenos sociais, o cronista (ao contrário do jornalista) joga um "jogo que esgota-se em si, para recomeçar no dia seguinte, sem obrigação de sequência". A crônica, em sua origem legada a um canto ou às margens das páginas dos jornais, seria como aqueles objetos pequeninos, aparentemente inúteis, guardados num canto da casa, "os nadas de uma existência atulhada de objetos imprescindíveis e, ao cabo, indiferentes, quando não fatigantes". Para Vinícius de Moraes, as crônicas são colhidas das notícias ou da concentração do cronista, havendo: os que a fazem de maneira simples, direta; os que a fazem de modo lento, demorado; os que a fazem no ou-vai-ou-racha; os eufóricos, os tristes, os modestos, os vaidosos, etc. Uns são lidos por prazer, outros por vício. Mas este gênero "menor" ou "marginalizado", segundo ele, caíram no gosto do público, que o saboreia como quem toma um "cafezinho quente seguido de um bom cigarro".
A crônica segundo os teóricos/críticos do gênero: Inicialmente, a crônica destinava-se a contar relatos verídicos, históricos, cronológicos, geralmente ligados ao cotidiano/história da nobreza (exemplo: primeiro e segundo livro das Crônicas presentes no Antigo Testamento da Bíblia cristã). É a partir do século XIX que os cronistas transformam a crônica em um motivo de reflexão sobre a vida social, os costumes, o cotidiano. Usualmente assinada, a crônica atual tem motivos diversos, recebendo, conforme a esfera social que retrata, um qualificativo: literária, policial, esportiva, política, jornalística, etc.
Segundo Sérgio Roberto Costa: texto curto, simples, acessível a todos, de interlocução direta com o leitor, com marcas de oralidade. Sua função: agradar aos leitores. Tema preferido: o acontecimento insignificante, ao qual ninguém tenha prestado atenção, o fato miúdo, a cena corriqueira. "É a pausa de subjetividade, ao lado da objetividade do restante do jornal. Considerada um gênero menor da literatura, pode, entretanto, conter seus momentos mais altos, a filosofia do cotidiano, a agudeza dos bons ensaios". Segundo Antônio Cândido, trata-se da "sensibilidade de todo dia", que "na sua despretensão, humaniza". Para Afrânio Coutinho, é o "gênero literário mais ligado ao jornal", com uma natureza, ao mesmo tempo, literária e ensaística. Ao passo que o jornalista veicula a informação ou a opinião por meio da notícia, o cronista usa-a como pretexto, veiculando uma "reação individual, pessoal, íntima, diante do espetáculo da vida". Uma busca por transcendência e arte, sobreposta a objetividade jornalística.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Cultura Brasileira I - Aula #
Na primeira metade da aula de hoje, a professora Luciene Dias coordenou um debate sobre o texto "As Invenções do Cotidiano", de Everardo Rocha. O texto é parte do livro "Jogo de Espelhos: ensaios de cultura brasileira".
Everardo Rocha propõe-se a tecer uma análise a partir do detalhe, isto é, do particular para o geral, indo na contra-mão da maioria das análises científicas, as quais procuram regras gerais para explicar especificidades, ou seja, do geral para o particular.
O autor critica a visão de Gilberto Freyre sobre antagonismos muito próprios da cultura e da própria formação histórica brasileira: europeu e africano; europeu e indígena; africano e indígena; economia agrária e economia pastoril; agricultura e mineração; católico e herege; jesuíta e fazendeiro; bandeirante e senhor de engenho; paulista e emboaba; pernambucano e mascate; proprietário e pária; bacharel e analfabeto. Segundo Freyre, o antagonismo predominante seria o do senhor vs. o escravo.
Segundo Rocha, por um lado, Freyre lista dilemas e dualidades próprias da elaboração da cultura brasileira. Entretanto, por outro lado, Freyre busca um equilíbrio entre as partes antagônicas, acreditando que a compatibilização do antagonismo pelo equilíbrio levaria a um enriquecimento da cultura, em uma espécie de mistura positiva e saudável.
Para Rocha, a realidade da cultura brasileira é mais complexa do que a apresentada por Gilberto Freyre. Lembrando a visão de Rita Segato, o autor afirma que não buscamos essa síntese proposta por Freyre, nem traçamos uma demarcação nítida dos pólos antagônicos: "operamos com os dois lados opostos de forma simultânea". Ou ainda, às vezes, criamos "um terceiro termo que não é síntese, mas negação, renúncia ou perplexidade diante dos outros dois". Trata-se de uma convivência (pacífica?) entre os contrários.
Everardo utiliza-se do termo ambiguidade ou eixo da ambiguidade para se referir à presença de éticas dúplices na cultura brasileira. Tal duplicidade pode ser observada, por exemplo, na ambiguidade apontada pelo autor entre a ética burocrática e a ética pessoal. O código burocrático é impessoal e universalizante, igualitário. Entretanto, no âmbito pessoal, a ética burocrática e a lei podem dar lugar ao jeitinho, à malandragem, à exceção à regra. "Aos inimigos, a lei; aos amigos, tudo!"
O autor parte, assim, para a análise da cultura brasileira sob a ótica (ou "lente", para lembrar o estudo que fizemos do texto "Cultura - Um conceito antropológico", de Roque de Barros Laraia) dessa ambiguidade por ele proposta. Ele analisa dois "detalhes" ou fatos isolados:
No primeiro caso, Everardo Rocha assinala que, quando a criança brasileira aprende na escola que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, na realidade, ela apreende três descobertas:
Everardo Rocha propõe-se a tecer uma análise a partir do detalhe, isto é, do particular para o geral, indo na contra-mão da maioria das análises científicas, as quais procuram regras gerais para explicar especificidades, ou seja, do geral para o particular.
O autor critica a visão de Gilberto Freyre sobre antagonismos muito próprios da cultura e da própria formação histórica brasileira: europeu e africano; europeu e indígena; africano e indígena; economia agrária e economia pastoril; agricultura e mineração; católico e herege; jesuíta e fazendeiro; bandeirante e senhor de engenho; paulista e emboaba; pernambucano e mascate; proprietário e pária; bacharel e analfabeto. Segundo Freyre, o antagonismo predominante seria o do senhor vs. o escravo.
Segundo Rocha, por um lado, Freyre lista dilemas e dualidades próprias da elaboração da cultura brasileira. Entretanto, por outro lado, Freyre busca um equilíbrio entre as partes antagônicas, acreditando que a compatibilização do antagonismo pelo equilíbrio levaria a um enriquecimento da cultura, em uma espécie de mistura positiva e saudável.
Para Rocha, a realidade da cultura brasileira é mais complexa do que a apresentada por Gilberto Freyre. Lembrando a visão de Rita Segato, o autor afirma que não buscamos essa síntese proposta por Freyre, nem traçamos uma demarcação nítida dos pólos antagônicos: "operamos com os dois lados opostos de forma simultânea". Ou ainda, às vezes, criamos "um terceiro termo que não é síntese, mas negação, renúncia ou perplexidade diante dos outros dois". Trata-se de uma convivência (pacífica?) entre os contrários.
Everardo utiliza-se do termo ambiguidade ou eixo da ambiguidade para se referir à presença de éticas dúplices na cultura brasileira. Tal duplicidade pode ser observada, por exemplo, na ambiguidade apontada pelo autor entre a ética burocrática e a ética pessoal. O código burocrático é impessoal e universalizante, igualitário. Entretanto, no âmbito pessoal, a ética burocrática e a lei podem dar lugar ao jeitinho, à malandragem, à exceção à regra. "Aos inimigos, a lei; aos amigos, tudo!"
O autor parte, assim, para a análise da cultura brasileira sob a ótica (ou "lente", para lembrar o estudo que fizemos do texto "Cultura - Um conceito antropológico", de Roque de Barros Laraia) dessa ambiguidade por ele proposta. Ele analisa dois "detalhes" ou fatos isolados:
- uma descoberta típica da infância brasileira, "Quem descobriu o Brasil?";
- o tetracampeonato de futebol conquistado em 1994 nos Estados Unidos.
No primeiro caso, Everardo Rocha assinala que, quando a criança brasileira aprende na escola que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, na realidade, ela apreende três descobertas:
- a descoberta do Brasil, efetivamente realizada por Pedro Álvares Cabral (um saber operacional e útil para boa parte da vida escolar básica);
- a descoberta de que esse saber é amplamente compartilhado (todos os brasileiros compartilham tal "ensino");
- a descoberta de que o Brasil descobre-se (ao contrário dos Estados Unidos ou outros países americanos, onde as crianças são ensinadas sobre a fundação, construção ou conquista de seus países).
"Aprender a descoberta do Brasil é, em certo sentido, aprender que estamos presos na compulsão das descobertas." É o mito das descobertas e invenções, do descobridor e do inventor, do "salvador da pátria". Basta olhar para a enormidade de planos econômicos que tentaram re-inventar ou "salvar" a República brasileira pós-ditadura militar, sufocada pela inflação. Basta olhar para as várias constituições brasileiras, numa tentativa de descoberta, invenção ou salvação política do país. Historicamente, há muitos exemplos:
- Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira;
- D. Pedro I, herói da Independência;
- Princesa Isabel, heroína da abolição da escravatura;
- Marechal Deodoro da Fonseca, herói da República;
- Getúlio Vargas, o pai dos pobres;
- Pelé, o rei do futebol;
- etc.
Citando DaMatta, "na lógica das 'descobertas' [...] as instituições sociais e os valores políticos ficam a salvo da discussão em termos das suas responsabilidades nos processos históricos e sociais. [...] Nas fundações, [...] enfatizam-se instaurações, rupturas, descontinuidades e conflitos."
No segundo caso em análise (tetracampeonato brasileiro), Rocha expõe a insatisfação geral dos brasileiros com relação ao estilo de jogo que a seleção brasileira campeã do mundo apresentou em 1994. Privilegiava-se a técnica e o planejamento, em detrimento do talento, da malandragem e da magia do futebol arte tipicamente brasileiros. Ganhamos com um futebol feio, retranqueiro, excessivamente "europeu".
O autor inicia a análise comentando sobre a facilidade com que transitamos entre o futebol e a realidade social, isto é, a facilidade com que traçamos paralelos entre o futebol (particularmente o selecionado nacional, a seleção "canarinho") e a sociedade brasileira. Dizemos "o Brasil está no ataque", enquanto, na verdade, 11 futebolistas selecionados disputam uma partida de futebol em busca de uma vitória ou premiação, e não uma "batalha" pela "conquista" de algo socialmente relevante.
Essa facilidade que temos de metaforizar a realidade social por meio do futebol encontra um problema quando encara a seleção tetracampeã de Parreira. Tivemos um destaque individual (Romário), mas, segundo Rocha, nenhum comparável ao Pelé de 1970 ou ao Garrincha de 1962, contrariando a lógica cultural brasileira de eleger um mártir ou um herói, um descobridor, dotado de talento inigualável ou mesmo de poderes especiais. Essa lógica talvez volte a fazer sentido no sucesso de 2002, quando o talento de Ronaldo, mesmo face às múltiplas dificuldades pós-cirúrgicas e à sombra do fiasco de 1998 contra a França, superou o melhor goleiro do torneio e "trouxe a vitória para o Brasil".
Dessa forma, "do gênio improvisador de 58, 62 e 70 aos organizados burgueses de 94, existe uma imagem importante nesta seleção, nos levando da desordem para a ordem, do improviso para a organização, do jeitinho à burocracia, da malandragem às leis universais, da casa para a rua. [...] Do mágico acaso dos descobrimentos aos processos negociados das fundações, [...] dos descobridores talentosos aos fundadores humanizados. [...] De alguma forma, gostamos de imaginar que fazemos as coisas magicamente."
Rocha extrapola a ideia para o âmbito da Fórmula 1, lembrando os tempos de Ayrton Senna, quando valorizava-se o talento do campeão brasileiro em detrimento da racionalidade técnica de todos os profissionais envolvidos na construção e ajuste do carro, da máquina. Na realidade, Senna, sem dúvida, possuía enorme talento, principalmente debaixo de chuva, quando "fazia milagres". Entretanto, foi a combinação de seu talento com a racionalidade técnica da McLaren do início dos anos 90 que lhe valeram seus três títulos mundiais.
Everardo lembra ainda de Emerson Fittipaldi, bicampeão de Fórmula 1. Talento comprovado nas pistas, fracasso técnico enquanto organizador da Copersucar, equipe de Fórmula 1 brasileira. A equipe foi motivo de chacota, ridicularizada pelos brasileiros. "Reagimos mal à proposta de também ser tecnologia."
Com a imagem da conquista do tetracampeonato brasileiro, Rocha afirma que "o Brasil pode se organizar... e vencer [...] talvez não precisemos de heróis, políticos populistas, salvadores da pátria, figurões, líderes carismáticos, medalhões, ditadores ou caudilhos nos ensinando os caminhos do paraíso. Talvez, por força daquele jogo amarrado e feio, se possa encenar um drama diferente e afinal não seja preciso nenhum Dom Sebastião resgatando a alma e cobrando a conta."
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Na segunda metade da aula, a professora Luciene Dias trabalhou a leitura e interpretação do texto "Ritos corporais entre os Nacirema". O texto fala sobre os dilemas do trabalho do antropólogo ou de qualquer um que se proponha a analisar uma sociedade, suas origens, seus ritos. Há uma grande sacada no texto - a qual não revelarei aqui! Seria como contar o final de um filme que você ainda não viu e quer muito ver... Recomendo a leitura!
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Filosofia - Aula #
A professora Carla Milani fez uma exposição sobre subjetividade, percepção, modernidade e técnica.
Subjetividade seria a capacidade que cada indivíduo tem de pensar por si mesmo, de refletir. "Na teoria do conhecimento, a subjetividade é o conjunto de ideias, significados e emoções que, por serem baseados no ponto de vista do sujeito, são influenciados por seus interesses e desejos particulares. Tem como oposto a objetividade, que se baseia em um ponto de vista intersubjetivo, isto é, que pode ser verificável por diferentes sujeitos." Essa capacidade de reflexão, dependendo do contexto, pode levar o indivíduo a um quadro de ação-reação ou mesmo de automação, como no caso do filme "Tempos Modernos", de Chaplin.
Percepção seria a função cerebral responsável por atribuir sentido às informações/estímulos sensoriais, isto é, advindos dos sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Fala-se ainda em percepção temporal (passagem do tempo), espacial (tamanho e distância entre objetos) e propriocepção (capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, sua orientação, força exercida pelos músculos, posição de cada parte do corpo em relação às demais). Nossa capacidade de percepção estaria sujeita, por exemplo, à influência temporal (idade do indivíduo). Entretanto, o foco da aula foi sobre a influência da técnica sobre a percepção dos indivíduos e, consequentemente, sobre o exercício de sua subjetividade.
Técnica, considerando o contexto da aula, seria um conceito muito próximo ou mesmo coincidente com o conceito de tecnologia, isto é, um conjunto de procedimentos sistematizados produzindo um determinado resultado. A técnica enfatizada pela professora foi a que levou ao surgimento do cinema, ou seja, à projeção de imagens (fotografias) consecutivas a uma velocidade específica (18 quadros/segundo ou 24 quadros/segundo), dando a ideia de movimento, num registro da realidade até então nunca experimentado/percebido pelo homem. Tal técnica data do fim do século XIX (1895), tendo sido aperfeiçoada desde então, principalmente durante o século XX (do cinema documental-jornalístico, mudo e preto-e-branco às "modernas" películas dos dias atuais).
Modernidade ou Idade Moderna corresponderia ao período histórico usualmente compreendido entre a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453 e a Revolução Francesa de 1789, a partir da qual passa-se a falar em Idade Contemporânea ou pós-Moderna. No campo da Filosofia, há quem faça uma espécie de fusão dos dois períodos, contrastando as formas de percepção e de exercício da subjetividade da Idade Média (ou "Idade das Trevas") com as da Modernidade (ou "Idade das Luzes"), estas últimas notadamente influenciadas pelos ideais renascentistas, iluministas, humanistas. O homem ganha o centro do processo de percepção, subjetividade e aquisição de conhecimento (espistemologia). A compreensão de mundo deixa de ser teocêntrica e passa a ser antropocêntrica. A fé dá lugar à razão.
Dessa forma, o mundo dito "contemporâneo" ainda encontra-se sob a influência das ideias cartesianas (René Descartes), nascidas no mundo dito "moderno". Ainda fazemos separação entre corpo e mente ("penso, logo, existo", fundação da Filosofia moderna, do "Eu" pensante), nossa medicina ainda possui um enfoque sintomático e predominantemente voltada à compreensão do corpo e seus potenciais antígenos, em detrimento da mente como potencial causadora de patologias. Daí a divisão entre Medicina e Psicologia, entre o que é "medicina tradicional" e "medicina alternativa". Note que estamos falando de concepções próprias do mundo ocidental: as concepções orientais e a própria medicina oriental correm marginalmente no Ocidente, enquanto alternativas, sem o status próprio de ciência.
A compreensão da natureza pela ciência (ciências naturais) está amplamente imersa em concepções galileanas (Galileu Galilei) ou newtonianas (Isaac Newton), ambos pensadores/cientistas modernos. Somente no século XX, por meio dos estudos de Einstein, Bohr e outros, a mecânica clássica/newtoniana é posta em xeque, dando lugar à mecânica quântica. Ainda assim, a mecânica quântica tem um campo de estudo bem definido: o mundo sub-atômico. Para os demais fenômenos naturais, continuam válidas as concepções modernas de Galileu e Newton. Além disso, o método científico lógico-indutivo da era Moderna continua sendo amplamente aceito e válido, em contraposição ao lógico-dedutivo de Aristóteles.
O método cientifico ainda é o mesmo proposto por Francis Bacon, considerado o pai da ciência moderna, por ter lançado as bases do empiricismo, da experimentação, da observação e da razão teórica. Nosso direito e política ainda encontram elementos da discussão sobre natureza humana e Estado propostos por Hobbes ("o homem é o lobo do homem"; Estado como o grande "Leviatã"), Locke (o homem como uma "folha de papel em branco", sujeito ao empiricismo, à aquisição de conhecimento via seus sentidos; pai do liberalismo clássico) e Rousseau ("o homem é bom, a sociedade o corrompe"; teoria do contrato social), este último tendo inspirado (mas não incitado, já que morre onze anos antes, em meados de 1778) a Revolução Francesa de 1789.
Esse período/movimento da história moderna em que houve uma sistematização teórico-científica dos ideais e evoluções técnico-epistemológicas (isto é, na forma de compreender o mundo) iniciadas no Renascimento ficou conhecido como Iluminismo. Trata-se de um movimento de "trazer à luz" da razão temas que ficavam "à sombra" da fé inconteste. Daí o antagonismo "Idade das Trevas" (Idade Média) vs. "Idade das Luzes" (Idade Moderna). Renascimento (séculox XIV, XV, XVI), Revolução Protestante (século XVI) e Iluminismo (séculos XVII, XVIII): passa-se da dependência à autonomia no processo de aquisição do conhecimento. Fala-se em "esclarecimento" (do alemão Aufklärung), o homem deixando a sua menoridade (Kant), isto é, a sua "infância epistemológia": o homem passa a pensar por si, a exercer sua subjetividade via sua percepção da realidade objetiva, sem a necessidade de direção de outros. O homem é conclamado ao "Sapere aude!", isto é, ao "Ouse saber!" - tenha coragem de pensar/saber por si mesmo.
Já no século XVIII, sobre a ideia moderna de saber/razão, segundo Marilena Chauí, Hegel sugere: 1) a autonomia da Filosofia no processo de subjetivação, não dependendo ou se submetendo a dogmatismos ideológicos, sejam eles religiosos ou de outras ordens, tais como a política; 2) a tomada de "consciência da consciência", isto é, a reflexão sobre o ato de ser consciente; 3) direitos iguais e universais ao pensamento e à verdade. A dialética de Hegel, um idealista, inspirará o materialismo histórico-dialético de Marx. A dialética de Hegel e, sobretudo, a de Marx, traduzem bem as influências ou trocas mútuas/recíprocas realizadas entre a realidade objetiva e o pensamento subjetivo dos filósofos nela inseridos.
Também no século XVIII, Kant, por sua vez, após suas duas primeiras críticas ("Crítica da Razão Pura", de 1781; "Crítica da Razão Prática", de 1788), introduz a ideia de "gosto" ou estética, em sua "Crítica do Julgamento" (1790). Trata-se do "gosto" mental, subjetivo, em contraste com o "gosto" ao qual estamos acostumados, associado ao paladar, físico, objetivo. Diz-se que "gosto não se discute", mas, para Kant, gosto se discute, sim! Não só se discute, como se vai além: depois de admitir "eu gosto disso", o sujeito usaria sua percepção para entender "por que eu gosto disso?". Fala-se em "refinamento" da ideia de gosto quando o sujeito/indivíduo: 1) dispõe-se a comparar e refletir sobre o valor estético atribuído à parte do mundo objetivo a que se refere ao afirmar "eu gosto disso"; 2) dispõe-se à reflexão abandonando seus pré-conceitos; 3) dispõe de sua inspiração e criatividade na análise.
Apesar de ser favorável à discussão sobre o "gosto", sobre o que é ou deixa de ser "belo", Kant contesta o resultado da análise subjetiva como sendo dotado de "certa" ou "alguma" universalidade, mas não uma total universalidade. "A universalidade do juízo estético é detectada por envolver um exercício persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela determinada forma da natureza ou da arte é bela. E, dessa forma, torna aquele valor universal. Os sujeitos têm em comum um princípio de avaliação moral livre que determina a avaliação estética e, portanto, julga o belo como universal."
Estética (do grego, aisthesis) tem, em seu significado original, a ideia de percepção, de sensação ou "percepção pelos sentidos". O juízo estético está ligado à capacidade de imaginação e à criatividade, contrapondo-se ao juízo lógico/prático enquanto processo de apreensão do belo em uma obra de arte. A estética surge como disciplina filosófica em 1750, por meio de Baumgarten, e é a base do estudo do cinema/filme como meio de reflexão/subjetivação realizada, entre outros, por Joseph Früchtl. Com o Sistema do Idealismo Transcendental de Schelling (1800), a arte torna-se objeto de estudo privilegiado da Estética, ou seja, a Estética tornou-se a filosofia da arte.
Walter Benjamin, integrante da chamada Escola de Frankfurt, contribui com os estudos da estética em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica".
Como ainda não havia a TV, o cinema da primeira metade do século XX era um importante veículo de comunicação de massas. Filmes como "Tempos Modernos", "Metrópolis", "Alphaville" e "O Grande Ditador" permitem uma apreensão crítica do belo pelo homem moderno, o belo sendo, por exemplo, a apreensão subjetiva da realidade moderna dos frios centros urbanos, da indústria como criadora de autômatos, da crítica a ideologias como o nazismo e regimes ditatoriais. Num processo de re-estruturação receptiva, o espectador do cinema moderno aprende e se diverte simultaneamente, relaciona-se com o filme de uma maneira totalmente diferente da observada em outras artes (ritmo diferente, possibilidade de edição, interrupção e fragmentação).
Além disso, a subjetividade se dá não só pela recepção, mas também pela auto-exibição, isto é, a possibilidade de se realizar uma passagem (real ou virtual) da posição de receptor para a posição de ator, colocando-se (metaforicamente ou não) à frente das câmeras, num processo subjetivo de auto-reflexão. Eu ousaria extrapolar essa relação das massas com a técnica do cinema, contextualizando a relação das massas com a técnica das atuais redes sociais, viabilizadas pela internet. Somos receptores de uma quantidade de informação nunca antes imaginada, ao mesmo tempo que somos atores de um processo cada vez mais democrático e universal de percepção e mudança social, haja vista a Primavera Árabe (2010-2012) e as manifestações ocorridas nos últimos dias no Brasil (2013): a articulação via internet/redes sociais permite a deslocalização dos protestos, fazendo com que os mesmos ganhem perspectiva nacional e mesmo internacional.
Parte da segunda metade da aula foi dedicada à exibição do filme "Tempos Modernos" (1936), escrito e dirigido por Charles Chaplin. O filme mostra dilemas e paradigmas da modernidade, levando os espectadores - por meio da quebra de expectativa propiciada pelo riso - a um processo de reflexão/subjetivação da realidade objetiva moderna. O que é "belo" em "Tempos Modernos"? Para mim, o encontro subjetivo/kantiano da consciência consigo mesma, isto é, a auto-reflexão sobre o meu sistema valorativo, sobre meu comportamento, sobre minhas posições ideológicas face aos paradigmas da modernidade técnico-industrial/burguesa.
Aviso: Próxima aula, dia 26 de Junho, haverá PROVA! A matéria da prova, aparentemente, será a matéria da aula de hoje e a matéria da aula passada. Vou ver se consigo fazer um resumo de ambas e atualizar aqui. Talvez caia alguma coisa, alguma referência sobre os filmes que já assistimos até aqui - isso a professora não falou, é apenas um palpite meu. Mas, pelo jeito, não cai aquela parte de lógica/falácias, que vai valer 30% dessa primeira nota. A prova vai ser individual. Haverá uma segunda prova no final do mês de Julho.
Referências:
Subjetividade seria a capacidade que cada indivíduo tem de pensar por si mesmo, de refletir. "Na teoria do conhecimento, a subjetividade é o conjunto de ideias, significados e emoções que, por serem baseados no ponto de vista do sujeito, são influenciados por seus interesses e desejos particulares. Tem como oposto a objetividade, que se baseia em um ponto de vista intersubjetivo, isto é, que pode ser verificável por diferentes sujeitos." Essa capacidade de reflexão, dependendo do contexto, pode levar o indivíduo a um quadro de ação-reação ou mesmo de automação, como no caso do filme "Tempos Modernos", de Chaplin.
Percepção seria a função cerebral responsável por atribuir sentido às informações/estímulos sensoriais, isto é, advindos dos sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Fala-se ainda em percepção temporal (passagem do tempo), espacial (tamanho e distância entre objetos) e propriocepção (capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, sua orientação, força exercida pelos músculos, posição de cada parte do corpo em relação às demais). Nossa capacidade de percepção estaria sujeita, por exemplo, à influência temporal (idade do indivíduo). Entretanto, o foco da aula foi sobre a influência da técnica sobre a percepção dos indivíduos e, consequentemente, sobre o exercício de sua subjetividade.
Técnica, considerando o contexto da aula, seria um conceito muito próximo ou mesmo coincidente com o conceito de tecnologia, isto é, um conjunto de procedimentos sistematizados produzindo um determinado resultado. A técnica enfatizada pela professora foi a que levou ao surgimento do cinema, ou seja, à projeção de imagens (fotografias) consecutivas a uma velocidade específica (18 quadros/segundo ou 24 quadros/segundo), dando a ideia de movimento, num registro da realidade até então nunca experimentado/percebido pelo homem. Tal técnica data do fim do século XIX (1895), tendo sido aperfeiçoada desde então, principalmente durante o século XX (do cinema documental-jornalístico, mudo e preto-e-branco às "modernas" películas dos dias atuais).
Modernidade ou Idade Moderna corresponderia ao período histórico usualmente compreendido entre a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453 e a Revolução Francesa de 1789, a partir da qual passa-se a falar em Idade Contemporânea ou pós-Moderna. No campo da Filosofia, há quem faça uma espécie de fusão dos dois períodos, contrastando as formas de percepção e de exercício da subjetividade da Idade Média (ou "Idade das Trevas") com as da Modernidade (ou "Idade das Luzes"), estas últimas notadamente influenciadas pelos ideais renascentistas, iluministas, humanistas. O homem ganha o centro do processo de percepção, subjetividade e aquisição de conhecimento (espistemologia). A compreensão de mundo deixa de ser teocêntrica e passa a ser antropocêntrica. A fé dá lugar à razão.
Dessa forma, o mundo dito "contemporâneo" ainda encontra-se sob a influência das ideias cartesianas (René Descartes), nascidas no mundo dito "moderno". Ainda fazemos separação entre corpo e mente ("penso, logo, existo", fundação da Filosofia moderna, do "Eu" pensante), nossa medicina ainda possui um enfoque sintomático e predominantemente voltada à compreensão do corpo e seus potenciais antígenos, em detrimento da mente como potencial causadora de patologias. Daí a divisão entre Medicina e Psicologia, entre o que é "medicina tradicional" e "medicina alternativa". Note que estamos falando de concepções próprias do mundo ocidental: as concepções orientais e a própria medicina oriental correm marginalmente no Ocidente, enquanto alternativas, sem o status próprio de ciência.
A compreensão da natureza pela ciência (ciências naturais) está amplamente imersa em concepções galileanas (Galileu Galilei) ou newtonianas (Isaac Newton), ambos pensadores/cientistas modernos. Somente no século XX, por meio dos estudos de Einstein, Bohr e outros, a mecânica clássica/newtoniana é posta em xeque, dando lugar à mecânica quântica. Ainda assim, a mecânica quântica tem um campo de estudo bem definido: o mundo sub-atômico. Para os demais fenômenos naturais, continuam válidas as concepções modernas de Galileu e Newton. Além disso, o método científico lógico-indutivo da era Moderna continua sendo amplamente aceito e válido, em contraposição ao lógico-dedutivo de Aristóteles.
O método cientifico ainda é o mesmo proposto por Francis Bacon, considerado o pai da ciência moderna, por ter lançado as bases do empiricismo, da experimentação, da observação e da razão teórica. Nosso direito e política ainda encontram elementos da discussão sobre natureza humana e Estado propostos por Hobbes ("o homem é o lobo do homem"; Estado como o grande "Leviatã"), Locke (o homem como uma "folha de papel em branco", sujeito ao empiricismo, à aquisição de conhecimento via seus sentidos; pai do liberalismo clássico) e Rousseau ("o homem é bom, a sociedade o corrompe"; teoria do contrato social), este último tendo inspirado (mas não incitado, já que morre onze anos antes, em meados de 1778) a Revolução Francesa de 1789.
Esse período/movimento da história moderna em que houve uma sistematização teórico-científica dos ideais e evoluções técnico-epistemológicas (isto é, na forma de compreender o mundo) iniciadas no Renascimento ficou conhecido como Iluminismo. Trata-se de um movimento de "trazer à luz" da razão temas que ficavam "à sombra" da fé inconteste. Daí o antagonismo "Idade das Trevas" (Idade Média) vs. "Idade das Luzes" (Idade Moderna). Renascimento (séculox XIV, XV, XVI), Revolução Protestante (século XVI) e Iluminismo (séculos XVII, XVIII): passa-se da dependência à autonomia no processo de aquisição do conhecimento. Fala-se em "esclarecimento" (do alemão Aufklärung), o homem deixando a sua menoridade (Kant), isto é, a sua "infância epistemológia": o homem passa a pensar por si, a exercer sua subjetividade via sua percepção da realidade objetiva, sem a necessidade de direção de outros. O homem é conclamado ao "Sapere aude!", isto é, ao "Ouse saber!" - tenha coragem de pensar/saber por si mesmo.
Já no século XVIII, sobre a ideia moderna de saber/razão, segundo Marilena Chauí, Hegel sugere: 1) a autonomia da Filosofia no processo de subjetivação, não dependendo ou se submetendo a dogmatismos ideológicos, sejam eles religiosos ou de outras ordens, tais como a política; 2) a tomada de "consciência da consciência", isto é, a reflexão sobre o ato de ser consciente; 3) direitos iguais e universais ao pensamento e à verdade. A dialética de Hegel, um idealista, inspirará o materialismo histórico-dialético de Marx. A dialética de Hegel e, sobretudo, a de Marx, traduzem bem as influências ou trocas mútuas/recíprocas realizadas entre a realidade objetiva e o pensamento subjetivo dos filósofos nela inseridos.
Também no século XVIII, Kant, por sua vez, após suas duas primeiras críticas ("Crítica da Razão Pura", de 1781; "Crítica da Razão Prática", de 1788), introduz a ideia de "gosto" ou estética, em sua "Crítica do Julgamento" (1790). Trata-se do "gosto" mental, subjetivo, em contraste com o "gosto" ao qual estamos acostumados, associado ao paladar, físico, objetivo. Diz-se que "gosto não se discute", mas, para Kant, gosto se discute, sim! Não só se discute, como se vai além: depois de admitir "eu gosto disso", o sujeito usaria sua percepção para entender "por que eu gosto disso?". Fala-se em "refinamento" da ideia de gosto quando o sujeito/indivíduo: 1) dispõe-se a comparar e refletir sobre o valor estético atribuído à parte do mundo objetivo a que se refere ao afirmar "eu gosto disso"; 2) dispõe-se à reflexão abandonando seus pré-conceitos; 3) dispõe de sua inspiração e criatividade na análise.
Apesar de ser favorável à discussão sobre o "gosto", sobre o que é ou deixa de ser "belo", Kant contesta o resultado da análise subjetiva como sendo dotado de "certa" ou "alguma" universalidade, mas não uma total universalidade. "A universalidade do juízo estético é detectada por envolver um exercício persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela determinada forma da natureza ou da arte é bela. E, dessa forma, torna aquele valor universal. Os sujeitos têm em comum um princípio de avaliação moral livre que determina a avaliação estética e, portanto, julga o belo como universal."
Estética (do grego, aisthesis) tem, em seu significado original, a ideia de percepção, de sensação ou "percepção pelos sentidos". O juízo estético está ligado à capacidade de imaginação e à criatividade, contrapondo-se ao juízo lógico/prático enquanto processo de apreensão do belo em uma obra de arte. A estética surge como disciplina filosófica em 1750, por meio de Baumgarten, e é a base do estudo do cinema/filme como meio de reflexão/subjetivação realizada, entre outros, por Joseph Früchtl. Com o Sistema do Idealismo Transcendental de Schelling (1800), a arte torna-se objeto de estudo privilegiado da Estética, ou seja, a Estética tornou-se a filosofia da arte.
Walter Benjamin, integrante da chamada Escola de Frankfurt, contribui com os estudos da estética em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica".
"O ponto central desse estudo encontra-se na análise das causas e consequências da destruição da 'aura' que envolve as obras de arte, enquanto objetos individualizados e únicos. Com o progresso das técnicas de reprodução, sobretudo do cinema, a aura, dissolvendo-se nas várias reproduções do original, destituiria a obra de arte de seu status de raridade. Para Benjamin, a partir do momento em que a obra fica excluída da atmosfera aristocrática e religiosa, que fazem dela uma coisa para poucos e um objeto de culto, a dissolução da aura atinge dimensões sociais. Essas dimensões seriam resultantes da estreita relação existente entre as transformações técnicas da sociedade e as modificações da percepção estética. A perda da aura e as consequências sociais resultantes desse fato são particularmente sensíveis no cinema, no qual a reprodução de uma obra de arte carrega consigo a possibilidade de uma radical mudança qualitativa na relação das massas com a arte."
"Benjamin considera ainda que a natureza vista pelos olhos difere da natureza vista pela câmara, e esta, ao substituir o espaço onde o homem age conscientemente por outro onde sua ação é inconsciente, possibilita a experiência do inconsciente visual, do mesmo modo que a prática psicanalítica possibilita a experiência do inconsciente instintivo. Exibindo, assim, a reciprocidade de ação entre a matéria e o homem, o cinema seria de grande valia para um pensamento materialista. Adaptado adequadamente ao proletariado que se prepararia para tomar o poder, o cinema tornar-se-ia, em consequência, portador de uma extraordinária esperança histórica."22
Como ainda não havia a TV, o cinema da primeira metade do século XX era um importante veículo de comunicação de massas. Filmes como "Tempos Modernos", "Metrópolis", "Alphaville" e "O Grande Ditador" permitem uma apreensão crítica do belo pelo homem moderno, o belo sendo, por exemplo, a apreensão subjetiva da realidade moderna dos frios centros urbanos, da indústria como criadora de autômatos, da crítica a ideologias como o nazismo e regimes ditatoriais. Num processo de re-estruturação receptiva, o espectador do cinema moderno aprende e se diverte simultaneamente, relaciona-se com o filme de uma maneira totalmente diferente da observada em outras artes (ritmo diferente, possibilidade de edição, interrupção e fragmentação).
Além disso, a subjetividade se dá não só pela recepção, mas também pela auto-exibição, isto é, a possibilidade de se realizar uma passagem (real ou virtual) da posição de receptor para a posição de ator, colocando-se (metaforicamente ou não) à frente das câmeras, num processo subjetivo de auto-reflexão. Eu ousaria extrapolar essa relação das massas com a técnica do cinema, contextualizando a relação das massas com a técnica das atuais redes sociais, viabilizadas pela internet. Somos receptores de uma quantidade de informação nunca antes imaginada, ao mesmo tempo que somos atores de um processo cada vez mais democrático e universal de percepção e mudança social, haja vista a Primavera Árabe (2010-2012) e as manifestações ocorridas nos últimos dias no Brasil (2013): a articulação via internet/redes sociais permite a deslocalização dos protestos, fazendo com que os mesmos ganhem perspectiva nacional e mesmo internacional.
Parte da segunda metade da aula foi dedicada à exibição do filme "Tempos Modernos" (1936), escrito e dirigido por Charles Chaplin. O filme mostra dilemas e paradigmas da modernidade, levando os espectadores - por meio da quebra de expectativa propiciada pelo riso - a um processo de reflexão/subjetivação da realidade objetiva moderna. O que é "belo" em "Tempos Modernos"? Para mim, o encontro subjetivo/kantiano da consciência consigo mesma, isto é, a auto-reflexão sobre o meu sistema valorativo, sobre meu comportamento, sobre minhas posições ideológicas face aos paradigmas da modernidade técnico-industrial/burguesa.
Aviso: Próxima aula, dia 26 de Junho, haverá PROVA! A matéria da prova, aparentemente, será a matéria da aula de hoje e a matéria da aula passada. Vou ver se consigo fazer um resumo de ambas e atualizar aqui. Talvez caia alguma coisa, alguma referência sobre os filmes que já assistimos até aqui - isso a professora não falou, é apenas um palpite meu. Mas, pelo jeito, não cai aquela parte de lógica/falácias, que vai valer 30% dessa primeira nota. A prova vai ser individual. Haverá uma segunda prova no final do mês de Julho.
Referências:
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Subjetividade
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Percepção
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Técnica
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Contemporânea
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Moderna
- http://pt.wikipedia.org/wiki/René_Descartes
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Galileu_Galilei
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac_Newton
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Einstein
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Niels_Bohr
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Raciocínio_indutivo
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes
- http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Wilhelm_Friedrich_Hegel
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Estética
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Gottlieb_Baumgarten
- http://www.inquietude.org/index.php/revista/article/view/177
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Sociologia - Aula #
Hoje tivemos a apresentação do primeiro seminário, um debate sobre o texto "Para além da crítica dos meios de comunicação", do professor Nildo Viana.
terça-feira, 18 de junho de 2013
Teorias do Jornalismo - Aula #
A professora Silvana Coleta encerrou a discussão sobre as teorias construcionistas, fechando a matéria deste semestre.
Na próxima aula, dia 25 de Junho, haverá uma revisão da matéria. Na aula seguinte, dia 02 de Julho, ocorrerá a nossa segunda prova. Será individual e oral.
Na próxima aula, dia 25 de Junho, haverá uma revisão da matéria. Na aula seguinte, dia 02 de Julho, ocorrerá a nossa segunda prova. Será individual e oral.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Língua Portuguesa I
Hoje não houve aula. A professora Regina Crispim não pôde comparecer por motivos de saúde.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Cultura Brasileira I - Aula #
Hoje visitamos a Fazenda Babilônia, uma fazenda que fica no município de Pirenópolis/GO e que data de 1800. A proprietária, Dona Telma, animou a manhã desta sexta-feira com uma série de curiosidades sobre a história da fazenda, a qual se confunde com a história de Goiás e com momentos marcantes da história do Brasil.
A fazenda destaca-se por ter abrigado cerca de 200 escravos, os quais trabalhavam em um engenho de açúcar - algo bastante incomum para a realidade goiana do século XIX, uma vez que a produção de açúcar localizava-se predominantemente na faixa litorânea do Nordeste e do Sudeste, além do fato de que era grande a dificuldade de se trazer escravos da costa brasileira para o Centro-Oeste do país. Segundo a proprietária, os escravos teriam sido trazidos para Goiás com a finalidade trabalhar na mineração. Entretanto, como o ciclo do ouro foi bastante efêmero em solos goianos, os escravos da Fazenda Babilônia passaram a se dedicar à produção do açúcar.
O passeio começou com um farto café-da-manhã colonial/sertanejo. Em seguida, a Dona Telma nos conduziu por um passeio histórico pela fazenda, o qual incluiu curiosidades:
A fazenda destaca-se por ter abrigado cerca de 200 escravos, os quais trabalhavam em um engenho de açúcar - algo bastante incomum para a realidade goiana do século XIX, uma vez que a produção de açúcar localizava-se predominantemente na faixa litorânea do Nordeste e do Sudeste, além do fato de que era grande a dificuldade de se trazer escravos da costa brasileira para o Centro-Oeste do país. Segundo a proprietária, os escravos teriam sido trazidos para Goiás com a finalidade trabalhar na mineração. Entretanto, como o ciclo do ouro foi bastante efêmero em solos goianos, os escravos da Fazenda Babilônia passaram a se dedicar à produção do açúcar.
O passeio começou com um farto café-da-manhã colonial/sertanejo. Em seguida, a Dona Telma nos conduziu por um passeio histórico pela fazenda, o qual incluiu curiosidades:
- dos tempos coloniais, como o fato de a senzala da Fazenda Babilônia ter abrigado escravos solteiros e casados, estes últimos possuindo uma ala separada da dos solteiros;
- dos tempos das bandeiras e da mineração, como um caminho de pedras de Pirenópolis e um sistema de escoamento de água recém-descobertos na fazenda, os quais teriam sido descobertos por acaso pela proprietária, numa tentativa de melhorar o acesso para visitantes;
- dos tempos de Império, como um sino premiado e possuindo um selo de D. Pedro II ou como estórias de estrangeiros que se faziam padres da noite para o dia, apenas para receber ofertas pela realização de um batismo ou casamento (devido à dificuldade que encontrava a Igreja em enviar bispos e padres para a região - a maioria morria ou adoecia no caminho, os clérigos eram, portanto, raros em Goiás);
- dos tempos de República, como uma baioneta e chapéu que teriam pertencido a Carlos Prestes, o qual teria se hospedado na fazenda;
- sobre expressões do nosso dia-a-dia, como "vou puxar palha" ou "fulano enquanto descansa, carrega pedra";
- sobre a história de Pirenópolis, como uma placa de carro-de-boi, artefatos usados nas cavalhadas;
- sobre a história das comunicações, como uma antiga máquina fotográfica, uma antiga máquina de escrever e uma biblioteca contendo jornais da época da fundação de Pirenólopis.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Filosofia - Aula #
Faltei essa aula... Alguém teria um resumo?
Pelo que sei, na primeira metade da aula, a professora comentou o texto "O discurso filosófico da modernidade", de Jürgen Habermas.
Na segunda metade da aula, ela teria exibido o documentário "Janela da Alma".
Pelo que sei, na primeira metade da aula, a professora comentou o texto "O discurso filosófico da modernidade", de Jürgen Habermas.
Na segunda metade da aula, ela teria exibido o documentário "Janela da Alma".
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Sociologia - Aula #
Não houve aula. O professor Nildo Viana não pôde comparecer e o André não pôde substituí-lo. Ele mandou um e-mail para a turma avisando sobre a sua ausência na última segunda-feira, dia 10 de Junho.
No e-mail, ele comentou que passaria "um filme que narra a história de um jornalista e sua relação com o movimento antiglobalização". O filme pode ser assistido no YouTube (abaixo a parte 1/9 do filme).
O professor também enviou o cronograma dos seminários:
No e-mail, ele comentou que passaria "um filme que narra a história de um jornalista e sua relação com o movimento antiglobalização". O filme pode ser assistido no YouTube (abaixo a parte 1/9 do filme).
O professor também enviou o cronograma dos seminários:
- 19 de Junho
- S01: ADORNO, T. Indústria Cultural
- S02: VIANA, N. Para além da crítica dos meios de comunicação
- 26 de Junho
- S03: MARQUES, E. A música na sociedade moderna
- S04: SANTOS, J. I. Cinema e indústria cultural
- 03 de Julho
- S05: VIANA, N. História em quadrinhos e capital comunicacional
- S06: MARQUES, E. Quadrinhos e Luta cultural
- 10 de Julho
- S07: Imprensa e capitalismo
- S08: A função Política da imprensa
- 17 de Julho
- S09: Estrutura de Imprensa no presente
- S10: O conteúdo dos jornais e a imprensa
terça-feira, 11 de junho de 2013
Teorias do Jornalismo - Aula #
Não marquei nas minhas anotações, mas acredito que, nessa aula, a professora tenha iniciado a exposição do Capítulo 6 do livro do Traquina.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Língua Portuguesa I - Aula 9
A professora Regina Crispim trabalhou o texto "Jornalismo e Literatura: limites, interseções, diálogos".
Introdução
Comentou-se o fato de os gêneros literários recorrerem a conteúdos ou mesmo às técnicas do jornalismo com o objetivo de retratar de forma crítica a realidade do mundo atual. Assim, existem interseções entre jornalismo e literatura, incluindo o consumo utilitarista e a obsolescência rápida. Por vezes, há pouca diferença entre a abordagem do fato jornalístico e a ficção literária.
Falou-se ainda que o texto jornalístico deve basear-se em princípios: tão gerais que permitam a sua atualização e a absorção de mudanças diacrônicas; tão específicos que permitam a sua identificação enquanto gênero e os seus objetivos (informação, opinião). Classificou-se a dualidade geral/específico do gênero jornalístico como "instabilidade do gênero".
Linguagem Jornalística
Ao definir a linguagem jornalística, impõe-se-lhe limites, pois "definir é restringir". As restrições relacionadas à linguagem jornalística estão relacionadas com:
Introdução
Comentou-se o fato de os gêneros literários recorrerem a conteúdos ou mesmo às técnicas do jornalismo com o objetivo de retratar de forma crítica a realidade do mundo atual. Assim, existem interseções entre jornalismo e literatura, incluindo o consumo utilitarista e a obsolescência rápida. Por vezes, há pouca diferença entre a abordagem do fato jornalístico e a ficção literária.
Falou-se ainda que o texto jornalístico deve basear-se em princípios: tão gerais que permitam a sua atualização e a absorção de mudanças diacrônicas; tão específicos que permitam a sua identificação enquanto gênero e os seus objetivos (informação, opinião). Classificou-se a dualidade geral/específico do gênero jornalístico como "instabilidade do gênero".
Linguagem Jornalística
Ao definir a linguagem jornalística, impõe-se-lhe limites, pois "definir é restringir". As restrições relacionadas à linguagem jornalística estão relacionadas com:
- registros de linguagem: deve-se equilibrar a acessibilidade e a eficiência da linguagem coloquial com as pressões jurídico-sociais em favor da linguagem formal;
- processos de comunicação: prosa, função referencial, em 3ª pessoa, dando verossimilhança, objetividade e certa neutralidade ao texto.;
- compromissos ideológicos: os quais são determinados social, histórica e culturalmente - a linguagem aqui é tida como articuladora da cultura e mantenedora da identidade/língua nacional.
Fait-divers e a antítese
Matéria jornalística que não se situa em campo de conhecimento pré-estabelecido. Interessa-se por si mesmo, não depende de nada exterior ou passado: é inconsequente - aproximando-se do conto. Cobre situações de cúmulo, de contradição radical, impactantes (como a tragédia na boate Kiss no início deste ano, a morte de motociclistas degolados por linhas com cerol, o assassinato de um paciente que acabara de receber alta da UTI onde havia permanecido em coma por 10 anos, a morte de Moisés antes de chegar à terra prometida, a morte de Tancredo Neves antes de tomar posse como primeiro presidente da re-democratização brasileira de 1985, etc.). Lembra o cúmulo (contradição) já presente nas tragédias gregas e a antítese (figura de linguagem).
Jornalismo enquanto gênero literário
O jornalismo pode ser considerado como gênero literário na medida em que a definição de gênero flexibiliza-se, não se enrijece, apresentando-se como "um tipo de construção estética determinada por um conjunto de disposições interiores em que se distribuem as obras segundo as suas afinidades intrínsecas e extrínsecas" e não como "um conjunto de normas objetivas a que toda composição [pertencente àquele gênero] deve obedecer".
Há três acepções para a literatura:
- sentido lato: toda expressão verbal, falada ou escrita;
- sentido corrente: expressão verbal com ênfase nos meios de expressão, sem exclusão dos fins;
- sentido restrito: arte da palavra, finalidade puramente estética.
Certamente, se a literatura for concebida em seu sentido restrito (arte), o jornalismo não poderá ser considerado como gênero literário. Entretanto, se a literatura for concebida em seu sentido corrente (expressão verbal com ênfase nos meios de expressão, sem exclusão dos fins), sim.
Segundo Nilson Lage, a finalidade do jornalismo é transmitir a informação, processá-la em escala industrial e para consumo imediato. A ênfase de Nilson Lage, como vimos em Teorias do Jornalismo, está na exposição do fato, do referente, de forma objetiva, sem muito espaço para a estética própria da literatura em seu sentido restrito. Entretanto, para autores como Nelson Traquina, há espaço na literatura jornalística para a narração do fato (hiper-realidade), inclusive para um certo viés estético, desde que não se perca o contato com o fato: a informação do fato, a formação de opinião pelo fato, a atualidade do fato, o estilo pessoal do jornalista ao abordar os fatos.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
Cultura Brasileira I - Aula #
A professora Luciene trabalhou o texto "Cultura - Um conceito antropológico", de Roque de Barros Laraia.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Filosofia - Aula #
Não houve aula, porque a professora está participando de um colóquio sobre Rousseau em Pirenópolis como organizadora do evento.
Para a próxima aula, ela pediu para lermos o texto do Habermas que está na copiadora da FAFIL.
Para a próxima aula, ela pediu para lermos o texto do Habermas que está na copiadora da FAFIL.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Sociologia - Aula #
O professor Nildo Viana encerrou a exposição sobre Socialização, discorreu sobre o capitalismo contemporâneo e deu orientações sobre os seminários e sobre a reportagem que devemos produzir para o final do mês de Junho.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Teorias do Jornalismo - Aula #
Não houve aula em razão de um seminário na Adufg sobre o currículo do curso de Jornalismo, envolvendo professores e alunos.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Língua Portuguesa I - Aula 8
Exposição sobre "Gêneros do discurso: introdução".
A classificação dos gêneros do discurso tem por objetivo, como qualquer outra classificação, aprofundar o conhecimento sobre o tema. Para tanto, a tarefa exige método e ordem. O objeto desse estudo é a heterogeneidade discursiva. A classificação deve ser, ao mesmo tempo, geral, fornecendo uma lista (não-exaustiva) das principais constantes de cada gênero, e particular, possibilitando a identificação do gênero em questão.
As classificações/tipologias são diversas. As que foram tratadas em aula são três, refletindo as concepções de linguagem estudadas:
A classificação dos gêneros do discurso tem por objetivo, como qualquer outra classificação, aprofundar o conhecimento sobre o tema. Para tanto, a tarefa exige método e ordem. O objeto desse estudo é a heterogeneidade discursiva. A classificação deve ser, ao mesmo tempo, geral, fornecendo uma lista (não-exaustiva) das principais constantes de cada gênero, e particular, possibilitando a identificação do gênero em questão.
As classificações/tipologias são diversas. As que foram tratadas em aula são três, refletindo as concepções de linguagem estudadas:
- tipologias cognitivas (Adam - 1991)
- tipologias funcionais (Jakobson - 1963)
- sócio-interacionista (Bakhtin - 1986, 1992)
As tipologias cognitivas (Adam) refletem a concepção de linguagem como espelho/expressão do pensamento. O critério da classificação é a organização cognitiva dos conteúdos. A finalidade é a compreensão do funcionamento textual através de uma definição das operações subjacentes à produção (locutor, emissor) e compreensão (receptor). Estritamente linguística, baseada em estruturas sequenciais prototípicas dos textos, essa classificação realiza uma provisória suspensão das condições sócio-históricas de produção dos enunciados. Tipos:
- narração
- descrição
- argumentação
- explicação
- diálogo
As tipologias funcionais (Jakobson) refletem a concepção de linguagem como instrumento de comunicação. O critério da classificação é o conjunto de funções do ato comunicativo verbal, de acordo com a ênfase em um ou outro elemento do ato comunicativo. Crítica: prevê um ato comunicativo idealizado, não prevê ruídos e interferências típicas de praticamente todo ato comunicativo. Tipos (elemento [função]):
- remetente [expressiva/emotiva]
- destinatário [apelativa/conativa]
- contexto/referente [referencial]
- canal [fática]
- mensagem [poética]
- código [metalinguística]
A tipologia sócio-interacionista (Bakhtin) reflete a concepção de linguagem como processo, como interação. Os enunciados são, portanto, produto de interações sociais. O critério de classificação é o conjunto de condições sócio-históricas do contexto de produção do discurso. Assim, a diversidade de atos comunicativos reflete-se em uma diversidade de gêneros textuais. Nesse sentido, a classificação proposta por Bakhtin é geral, flexível, não específica:
- gêneros primários (ou livres): advindos do cotidiano, da oralidade, tendo relação imediata com a situação em que foram produzidos.
- gêneros secundários (ou estandardizados): advindos das trocas culturais (principalmente escritas), tais como por ocasião de manifestações artísticas, científicas, sociais, políticas, etc. Mais complexos, absorvem e assimilam os gêneros primários.
Bakhtin defende a ideia de que um gênero não pode ser tratado de forma cristalizada, homogeneizada. Um gênero apresenta traços de regularidade, o que lhe confere certa estabilidade. Entretanto, co-existem na classificação dos gêneros proposta por Bakhtin, forças centrípetas, que trazem o texto para o seu padrão de repetibilidade e regularidade enquanto gênero; e forças centrífugas, que ameaçam sua estabilidade e refletem o contexto da interação comunicativa. Os textos são, portanto, um ambiente de tensão e instabilidade, dependentes do contexto dialógico da comunicação. Considera-se, também, aspectos linguísticos, isto é, a materialidade linguística dos textos. Mas a tônica da classificação é, de fato, o aspecto sócio-histórico-cultural da instituição discursiva. O receptor/emissor antecipa ou tem visão do texto como um todo acabado pelo conhecimento prévio do paradigma dos gêneros a que teve acesso em suas relações com a linguagem.
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