Resumos de aulas do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás - Turma de 2013
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Sociologia - Aula 4
O tema da aula de hoje foi "A Teoria da Sociedade em Marx".
O professor Nildo Viana iniciou a aula com uma breve biografia de Karl Marx (1818 - 1883), citando algumas de suas obras mais emblemáticas como: "A ideologia alemã", "O Capital", "Os manuscritos de Paris", "O manifesto comunista" e "O dezoito de brumário". Marx teria se inspirado na fisolofia de Hegel e Feuerbach, tendo sido expulso da Alemanha e posteriormente da França em razão de sua obra. É na Inglaterra que Marx irá encontrar refúgio para exercer suas posições político-ideológicas.
No campo acadêmico/intelectual, ao contrário de Durkheim e Weber, Marx não estaria interessado na construção de uma nova ciência - a sociologia. No campo teórico, enquanto Durkheim preocupava-se com a integração do indivíduo à sociedade capitalista e enquanto Weber preocupava-se com a temática da vocação política dos governantes da Alemanha do século XIX, a preocupação principal das teorias de Marx teria sido a emancipação humana em sua totalidade.
Em 1843, Marx teria cunhado a expressão luta de classes, que, segundo ele, seria o motor da história. Dentro dessa temática, Marx irá trabalhar a ideia de natureza humana e alienação.
Com relação à natureza humana, Marx critica vários filósofos, entre eles, Hobbes e Rousseau. Para Hobbes, "o homem é o lobo do próprio homem"; para Rousseau, os indivíduos são naturalmente bons, "a sociedade os corrompe". Marx defende a ideia de que a natureza humana está atrelada ao modelo de sociedade em que os indivíduos se inserem. As sociedades primitivas, escravista, feudal e capitalista teriam visto, portanto, diferentes concepções de "natureza humana". Para Marx, o ser humano não é nem mal, nem bom: ele é um produto do contexto material e histórico em que se insere.
Com relação à alienação do trabalho, Marx explica que, na sociedade capitalista, contrariamente ao artesão, ao camponês e ao artista, o trabalhador não se reconhece no produto final do seu trabalho. Na sociedade capitalista, o trabalho perde, portanto, o seu caráter teleológico, isto é, o trabalhador não vê a que fim se destina o seu trabalho, não trabalha de forma plenamente consciente quanto à realização da essência de seu trabalho. A finalidade do trabalho, bem como os meios de produção, seria propriedade de uma minoria burguesa. Por isso fala-se em alienação. Por isso fala-se de uma relação de conflito/luta de classes.
Quando se fala em modo de produção, fala-se do modo como os bens são produzidos e reproduzidos através de relações de produção em um determinado modelo de sociedade.
Nas sociedades sem classes, os seres humanos dependeriam da natureza para prover suas necessidades básicas, tais como comer, beber, dormir, vestir, reproduzir-se, não havendo uma teia complexa de relações de produção.
Nas sociedades com classes, as relações de produção começam a se diferenciar. Na Antiguidade Clássica, as relações de produção baseavam-se num modo de produção escravocrata, opondo senhores e escravos. Na Idade Média, num modo de produção servil, opondo nobres e servos. Na Idade Moderna, co-existiriam diferentes modos de produção, sendo o modo de produção capitalista o modo dominante, opondo o proletariado e a burguesia.
Classe social seria um grupo de indivíduos com modo de vida, oposição e interesses comuns. Na sociedade capitalista, o proletariado, com a finalidade de satisfazer às suas necessidades básicas, vende sua força de trabalho mediante contrato assinado com a burguesia, classe detentora das forças produtivas ou meios de produção (saber técnico, tecnologia).
Nesse sentido, a mão-de-obra proletária é, assim como os demais bens de consumo, uma mercadoria. Seu preço seria determinado pela concorrência com os demais proletários, os quais, para atender a suas necessidades básicas, submeter-se-iam a baixos salários, o que impossibilitaria a mobilidade social pelo trabalho em si. O trabalho assalariado tem, portanto, "aparência" de livre. Em sua "essência", entretanto, o trabalho assalariado perpetua a exploração da classe trabalhadora pela burguesia.
Comentou-se a respeito da ideia de mais-valor ou mais-valia introduzida por Marx. Num modo de produção mercantil simples, a produção de mercadorias supriria em parte a necessidade do produtor. A parte excedente da produção destinar-se-ia à troca por outras mercadorias, satisfazendo, assim, as necessidades básicas do produtor/camponês. Já no modo de produção capitalista, o capitalista detém o capital e, portanto, possui meios de investir em mão-de-obra e meios de produção. Os trabalhadores produziriam não somente o necessário a atender em parte ou totalmente suas próprias necessidades. Verdade seja dita, eles desconhecem o processo produtivo como um todo. Entretanto, seu trabalho, em conjunto, agrega valor às mercadorias e atende às metas de produção do capitalista. À diferença entre o valor da mercadoria produzida e a soma dos custos de produção envolvidos (mão-de-obra e meios de produção) num dado período, Marx denominou mais-valor ou mais-valia.
A esse processo de apropriação da mais-valia (excedente de capital), Marx denomina reprodução ampliada de capital. Esta última levaria à acumulação de capital e à formação de oligopólios.
Falou-se ainda sobre a divisão marxista da estrutura social em superestrutura e infraestrutura (ou base). A superestrutura seria o conjunto ideológico (moral, política, religião, formas de consciência social) e jurídico (direito, Estado), compreendendo classes que não produzem bens materiais, e que, segundo Marx, seria determinado pela infraestrutura. Não se trata de determinismo econômico, entretanto. O que Marx quis dizer é que a infraestrutura, isto é, as relações de produção (todo o aparato que permite a produção de bens) determina a moral, a política, a religião, o direito e o Estado, através de um processo histórico dialético, concreto e material. Tal ideário e aparato jurídico, por sua vez, legitimaria a infraestrutura - no caso capitalista, a exploração do proletariado e a acumulação de capital pela burguesia.
Comentou-se, assim, sobre a concepção marxista de ideologia. Ideologias surgem a partir do momento em que ocorre uma divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual. Para Marx, as ideologias surgem quando o trabalho intelectual, por ser inevitavelmente influenciado pelos valores pessoais de seu autor, presta-se à legitimação sistemática e naturalização do ideário da classe dominante, fazendo inversões da realidade. Na sociedade escravista da Grécia Antiga, o filósofo Aristóteles teria afirmado: "A escravidão será eterna." Na Idade Média, os teólogos sustentariam a divisão do trabalho a partir da naturalização da mesma: "Os servos nascem para servir." Com o fim da URSS, Fukuyama retomaria uma ideia de Hegel, afirmando: "A história acabou." Tal afirmação eternizaria o modo de produção capitalista. Em suma, ideologias trocam a essência da realidade por sua aparência. Segundo Marx, cabe ao intelectual reverter as inversões provocadas pelas ideologias. Ao falar de religião, por exemplo, Marx propõe "O homem criou Deus", como alternativa a "Deus criou o homem".
Encerrou-se a aula falando da estratégia capitalista de diminuição do tempo de vida das mercadorias com a finalidade de fomentar o consumismo. Dessa forma, o consumismo não seria algo pessoal, mas uma consequência do sistema capitalista, o qual "cria necessidades" para sobreviver. São exemplos: "produtos descartáveis" (como os computadores pessoais, diante dos avanços tecnológicos nessa área) e os modismos.
Próxima aula: Encerramento do debate sobre Marx e continuação da matéria.
Curso "Pensamento de Marx": Para quem se interessar, o professor divulgou em sala de aula e via e-mail. Inscrições: http://jeanisidio2.wix.com/cursonupac
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