Os tópicos colocados em debate foram os seguintes:
[1] O compromisso ético do estudante de jornalismo e do jornalista profissional com o seu intelecto: em última instância, a matéria-prima do jornalista é a sociedade. Quanto melhor a compreensão do jornalista acerca da sociedade em que vive, melhores serão os frutos do seu trabalho. "O primeiro compromisso ÉTICO do jornalista é com o seu próprio intelecto." (José Arbex Júnior) Uma boa compreensão da sociedade requer uma boa formação intelectual e essa deve ser a primeira preocupação ética do jornalista.
[2] A relação entre teoria e prática na busca do conhecimento: é comum ouvirmos a máxima "A teoria, na prática, é outra." Adelmo Genro Filho retruca: "A teoria só é outra, na prática, se for má teoria." Edson Spenthof acrescenta que, enquanto jornalistas, devemos "aprender fazendo e fazer pensando". Qualquer atividade requer arcabouço teórico mínimo para a sua realização. Essa é a ideia aqui. Na busca do conhecimento, isto é, na busca de uma boa formação intelectual com vistas a um aperfeiçoamento da prática do jornalismo, a relação entre teoria e prática é estreita e, por vezes, as duas se confundem, levando-nos à falsa ideia de que o jornalismo é uma disciplina essencialmente prática. Entretanto, sem uma boa teoria, não se pode fazer um bom jornalismo, sobretudo do ponto de vista ético.
[3] Ética da comunicação ou ética jornalística: no exercício de suas atividades diárias, um médico e um jornalista incorrem em desafios éticos distintos, por isso cada um segue a um Código de Ética específico de sua profissão. O jornalista que não houver pensado criticamente a respeito da problemática ética de sua atividade não estará preparado para exercê-la de forma ética, condizente com o compromisso que tem de levar informações fidedignas e relevantes à sociedade. Nesse contexto, para o professor Edson, não existe uma "ética da comunicação", mas apenas a "ética jornalística". Para ele, a "ética da comunicação" seria a própria ética humana, universal, a que todos estamos sujeitos. A distinção se faz uma vez que "comunicação" é um termo amplo, abrangendo inclusive nossas conversas informais diárias. Quando falamos em "ética jornalística", recaímos nas discussões inerentes à nossa disciplina.
Na segunda parte da aula, o professor Edson iniciou uma explanação sobre o jornalismo enquanto produção SOCIAL de conhecimento, com foco na informação jornalística reconhecida e protegida como coisa pública ou res pública: "Jornalismo: forma social de conhecimento cristalizada no singular." Para tanto, tivemos que voltar na História, à época do surgimento das primeiras Repúblicas, momento em que a burguesia emergente reivindica participação nas decisões políticas frente à monarquia absolutista. Nesse contexto, a divulgação de informações para a crescente massa urbana se demonstrou uma arma revolucionária relevante - sobretudo enquanto material ideológico-opinativo.
Segundo Habermas, a história do surgimento e evolução do jornalismo poderia ser dividida em três fases, da seguinte maneira:
- 1ª fase: publicação de folhas-volantes, num contexto de sociedade mercantil, refletindo as necessidades e oportunidades de negócio;
- 2ª fase: surgem os primeiros jornais, divulgando, essencialmente, opinião e literatura;
- 3ª fase: meados do século XIX, por volta de 1830, o jornalismo começa a tomar os rumos do jornalismo atual, divulgando notícias/informação a baixo custo para grandes massas - a chamada penny press.
Para o professor Edson, é por meio da INFORMAÇÃO que podemos exercer cidadania de forma plena. Por isso ele considera a informação como uma necessidade, mas, sobretudo, como um DIREITO do cidadão - uma coisa ou res pública (alusão à palavra "república", forma de governo retomada na Europa dos séculos XVIII-XIX e na América/África dos séculos XVIII-XX, respectivamente como reflexo de revoluções político-industriais burguesas e de movimentos de independência).
A URBANIZAÇÃO, intensificada pelas revoluções burguesas dos séculos XVIII e XIX, trouxe consigo novas formas de pensar o mundo, em particular o mundo urbano e as transformações da época, aumentando a demanda pela informação. Além disso, a INDUSTRIALIZAÇÃO trouxe o progresso técnico e a diferenciação do trabalho necessários à produção e distribuição em larga escala da informação.
Esses elementos demonstram que o jornalismo foi e continua sendo um processo histórico de construção SOCIAL do conhecimento.
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