terça-feira, 30 de abril de 2013

Teorias do Jornalismo - Aula 5

A aula de hoje teve por base o prefácio e o primeiro capítulo do livro “Teorias do Jornalismo – Volume I” de Nelson Traquina.

O prefácio do livro traça um resumo histórico da disciplina Teorias do Jornalismo no Brasil e suas especificidades. Comentou-se a respeito das contribuições de Adelmo Genro Filho, em meados da década de 1970, em sua atuação como professor e pesquisador da disciplina no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo Eduardo Meditsch, autor do préfacio, Genro Filho é considerado o fundador da disciplina no Brasil.

Também contribuíram para a institucionalização da disciplina em solo brasileiro na virada do século XX para o XXI, os professores Marques de Melo e Ciro Marcondes Filho, em São Paulo, e os professores Alberto Dines e Nilson Lage, no Rio de Janeiro. O antigo Provão (hoje Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - ENADE) foi decisivo nesse processo, ao exigir a matéria como obrigatória nos cursos de graduação.

A professora comentou sobre a desvalorização, em termos de salários, da carreira de jornalista (salários médios entre R$ 1400,00 e R$ 1600,00 para jornadas de trabalho de 5h), apontando a valorização crescente de outras áreas de atuação jornalística, como as assessorias de imprensa, as assessorias de comunicação e as agências de comunicação.

Comentou-se ainda sobre a necessidade de criação de um conselho nacional de jornalismo e sobre o fato de o ex-presidente Lula ter-se posicionado contra o mesmo. Uma pesquisa rápida na Internet revelou a existência da Federação Nacional dos Jornalistas1 (FENAJ) e da Associação Brasileira dos Jornalistas2 (ABJ), ambas sediadas em Brasília. O jornal Folha de São Paulo3, em 6 de agosto de 2004, noticiou o encaminhamento para o congresso, pelo ex-presidente Lula, de um projeto de lei que preveria a criação de um Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), cujos objetivos seriam "orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão e a atividade de jornalismo - inclusive com poderes de punir jornalistas." Grupos políticos e a própria imprensa opuseram-se à criação do conselho, por acreditarem que o mesmo seria uma ameaça à liberdade de imprensa.

A inserção da disciplina de Teorias de Jornalismo no currículo dos cursos de graduação em Comunicação Social com enfâse em Jornalismo responde à necessidade de se ensinar mais do que meras técnicas ou práticas de jornalismo a futuros profissionais do campo. O profissional possuindo um diploma de graduação em Jornalismo seria, portanto, capaz de refletir teoricamente sobre a própria prática jornalística, enquanto construção social - daí a importância da obrigatoriedade do diploma e da criação da Faculdade de Jornalismo aqui na UFG. Quanto à pós-graduação, as linhas de pesquisa de mestrado disponíveis na UFG abrangem as temáticas “Comunicação e Cultura” e “Comunicação e Cidadania”, não havendo ainda uma linha de pesquisa específica para o Jornalismo.

Na tentativa de responder à pergunta “O que é jornalismo?”, respostas como “realidade”, “notícia”, “informação” e “verdade” oferecem um vislumbre do tema. No primeiro capítulo de “Teorias do Jornalismo”, Traquina começa a discussão dizendo que o jornalismo seria a “vida” em última instância, ao fazer um recorte da realidade, narrando-a através da seleção de fatos (estórias). Aqui há uma diferença de ponto de vista entre Traquina e Nilson Lage (autor estudado em aulas anteriores). Traquina vê as notícias como narrativas da vida/realidade, enquanto Nilson Lage as vê como exposições ou documentações dos fatos da vida/realidade.

Traquina propõe-se a escrever um manual teórico - contrariando a acepção mais comum dos manuais, os quais pretendem ser, em sua essência, práticos. O jornalismo seria, assim, uma atividade intelectual por excelência, já que exigiria um esforço reflexivo considerável na tomada de decisões quanto à seleção dos fatos, recursos e fontes à disposição.

Neste primeiro capítulo de “Teorias do Jornalismo”, Traquina demonstra a estreita relação existente entre jornalismo e democracia. Segundo ele, sem democracia não há jornalismo - há propaganda (e não publicidade, pelo caráter ideológico da primeira). O exemplo mais próximo da realidade brasileira seria propaganda ideológica levada a cabo pela ditadura militar (1964 - 1985). Slogans como “Brasil, ame-o ou deixe-o” são exemplos dessa realidade de cerceamento da liberdade de imprensa.

Traquina sugere que o jornalismo seja tratado como um campo cujo objeto de estudo e produto de construção social são as notícias. Seguindo o conceito de campo de Bourdieu4, Traquina sugere que os pólos hegemônicos desse campo de forças seriam o pólo econômico e o pólo ideológico. Para o primeiro, as notícias seriam vistas como um negócio; para o segundo, como serviço público/social.

Sob a ação desse campo de forças, os jornalistas teriam, portanto, uma autonomia relativa. Os profissionais do campo estariam sujeitos às imposições da organização em que se inserem, do ritmo de trabalho, de seus superiores (editor, diretor, proprietário do meio de comunicação) e do conjunto de políticas de conduta da organização.

À pergunta “Por que as notícias são como são?”, Traquina propõe-se a respondê-la discorrendo sobre o processo histórico de formação do campo jornalístico, desde os primórdios ao surgimento das novas tecnologias e consequente informatização das redações, passando pela evolução dos interesses ideológicos que acompanharam esse processo. Nesse sentido, é importante que os jornalistas entendam o modelo de sociedade com o qual coexistem e a forma por meio da qual o jornalismo de sua época interage com o poder instituído, considerando tanto fatores externos (influência da escola americana ou europeia, por exemplo), quanto fatores internos (forma brasileira de se fazer jornalismo). 

Assim, seria o jornalismo um “quarto poder”, isto é, um meio de fiscalização da atuação dos três poderes republicanos)? Seria o jornalismo um “contra-poder”, isto é, uma forma de embate ao poder instituído e seus eventuais desmandos)? Ou seria o jornalismo um “quarto do poder”, onde o poder instituído deitaria-se com os agentes da notícia, corrompendo-os e atraindo-os para perto de si, onde a atuação de seu campo de forças seria mais intensa e hegemônica?

O trabalho do jornalista contribui, portanto, de maneira determinante para a construção da realidade, bem como para a formação (e não apenas informação) do público/sociedade (leitor, ouvinte ou telespectador).

Referências

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Língua Portuguesa I - Aula 4


O tema da aula de hoje foi: "Funções da Linguagem".

No início da aula, foram retomadas as concepções de linguagem, as quais foram temas de aulas anteriores.
  • 1ª concepção: Linguagem como expressão do pensamento
  • 2ª concepção: Linguagem como instrumento de comunicação
  • 3ª concepção: Linguagem como prática social e forma de interação (Bakhtin)

Em seguida, foram apresentados os elementos constituintes do modelo de comunicação.
  • Emissor (ou Remetente)
  • Receptor (ou Destinatário)
  • Mensagem
  • Contexto (ou Conteúdo, ou Referente)
  • Código (compartilhado entre Emissor e Receptor)
  • Canal (suporte físico ao ato de comunicação)

As funções da linguagem foram, assim, derivadas dos elementos constituintes desse modelo de comunicação.

FunçãoFoco
Emotiva (ou Expressiva)Emissor (1ª pessoa)
Conativa (ou Apelativa)Receptor (2ª pessoa)
PoéticaForma e/ou elaboração da Mensagem
Referencial (ou Denotativa)Contexto ou conteúdo da Mensagem (3ª pessoa)
MetalinguísticaCódigo
FáticaCanal

Por meio de dez textos, a professora não só exemplificou algumas dessas funções da linguagem, mas também quebrou os estereótipos:
  • de que existiriam funções de linguagem específicas para cada gênero textual
  • de que um ato comunicativo vale-se de apenas uma única função de linguagem

A quebra do primeiro estereótipo foi ilustrada através da comparação dos textos 9 e 10.

O Texto 9 é uma paródia do gênero anúncio, a qual faz uso de palavras (léxicos) retiradas do campo semântico da gramática da língua portuguesa, trazendo-as para o campo das relações humanas. Não há metalinguagem ou função metalinguística, pois não se trata de um anúncio que trata do ato de compor um anúncio, nem de uma poesia a falar do fazer poético. Trata-se de um anúncio em que há uma predominância da função poética - e não da função referencial, como era de se esperar, a exemplo do Texto 10.

A quebra do segundo estereótipo foi ilustrada através dos textos 1 e 2.

No Texto 1, apesar de a função poética estar presente, predomina a função conativa ou apelativa. No Texto 2, igualmente, há função poética, mas, desta vez, a predominância é da função metalinguística.

A conclusão da aula girou em torno da discussão da intenção do ator da comunicação. As funções da linguagem deflagariam as intenções do emissor, seguindo os processos de:
  • seleção de palavras (eixo paradigmático)
  • combinação de palavras (eixo sintagmático)

Assim, durante o ato comunicativo, o emissor submeteria esses dois processos (seleção léxica e combinação gramatical) às convenções do gênero a que se propõe comunicar.

Para exemplificar esses processos, a professora propôs as seguintes orações:
  1. O professor negou-se a discutir as notas.
  2. Aquele professorzinho negou-se terminantemente a discutir as notas.

Na primeira oração, há predominância da função referencial, não havendo outra intenção que a de comunicar uma informação relevante para os estudantes. Na segunda oração, além da função referencial e da transmissão da informação, há a predominância da função emotiva, já que o emissor expressa, ainda que de forma subliminar, sua opinião sobre a personalidade do professor.

Referências

quinta-feira, 25 de abril de 2013

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Filosofia - Aula 2

Na primeira parte da aula, foi debatido o texto "O homem cordial", de Sérgio Buarque de Holanda.

Na segunda parte da aula, foi exibido o filme "Zelig" (1983), dirigido e protagonizado por Woody Allen.


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sociologia - Aula 3

Estudo de Weber. Vídeo "A Sociologia de Weber", com Gabriel Cohn, professor de Ciência Política da USP.

Parte 1/3



Parte 2/3



Parte 3/3



terça-feira, 16 de abril de 2013

Teorias do Jornalismo - Aula 4

Continuação do debate sobre os textos "Estrutura da Notícia" e "Linguagem Jornalística", de Nilson Lage.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Língua Portuguesa I - Aula 2

O tema da aula de hoje foi "Linguagem, língua, comunicação: conceitos e inter-relações".

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Filosofia - Aula 1

Apresentação da disciplina e exibição do filme "Sócrates" (1971).


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sociologia - Aula 2

Histórico da Sociologia enquanto ciência. Principais pensadores. Estudo de Durkheim.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Teorias do Jornalismo - Aula 3

Continuação do debate sobre os textos "Estrutura da Notícia" e "Linguagem Jornalística", de Nilson Lage.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sociologia - Aula 1

Apresentação da disciplina. Discussão sobre "O que é Sociologia?".

Poder-se-ia definir a Sociologia de diferentes maneiras: "ciência dos fatos sociais" (Durkheim), "ciência da ação social" (Weber), "ciência das relações sociais" (Marx). Entretanto, através da análise etimológica da palavra, chega-se à uma definição mais geral: "ciência da sociedade".

Entretanto, para os propósitos da disciplina, essa simples definição não é suficiente. O professor Nildo Viana contrastou as definições trazidas por dicionários comuns (dicionário da língua portuguesa, por exemplo) e dicionários ou estudos técnicos. Para saber o significado da palavra "apedeuta", por exemplo, basta consultar um dicionário comum. Entretanto, para saber o significado de "sociologia", o dicionário comum não será suficiente, devido à pluralidade de definições e estudos que surgiram ao longo da história de formação da Sociologia enquanto ciência.

"Se a Sociologia é a ciência da sociedade, torna-se necessário explicar o que é uma ciência e o que significa sociedade".1

"A ciência é um saber sistemático, metódico e empírico, que tem a pretensão de objetividade e neutralidade."2 Sistemático, por ser organizado, coerente, estruturado. Metódico, por seguir um método - o método científico. Empírico, por buscar explicações sobre a realidade empírica (acessível pela experiência sensorial), sujeitando-a à experimentação.

"A objetividade seria a adequação da ideia científica à realidade objetiva e a neutralidade seria a não interferência dos valores, concepções religiosas e políticas, pré-conceitos do cientista na sua produção científica."3

"A objetividade e a neutralidade são pretensões da ciência que estão presentes no discurso científico, mas não em sua prática."4

"A objetividade é uma pretensão, uma ambição, uma intenção. [...] Determinada concepção científica pode ser totalmente falsa ou parcialmente falsa, bem como, em raros casos, pode ser verdadeira. Mas não basta o discurso científico para que isso seja garantido."5

"Embora muitos cientistas, incluindo sociólogos, defendam a existência da neutralidade, devemos deixar claro o nosso ponto de vista (que não é 'neutro' e por isso mesmo é 'coerente') segundo o qual a neutralidade é impossível. [...] Assim, deslocamos a questão da neutralidade e o impossível abandono dos valores, para a discussão sobre quais valores estão por detrás da pesquisa científica e quais são prejudiciais ou importantes para a aproximação com a verdade por parte do pesquisador."6

"O surgimento de uma ciência particular ocorre quando ela delimita um objeto de estudo próprio, diferente dos demais, bem como expõe seus métodos de pesquisa. [...] A Sociologia é uma ciência e, portanto, carrega em si os elementos característicos do pensamento científico em geral e sua particularidade reside em seu objeto de estudo, a sociedade, e nos procedimentos metodológicos criados para analisá-la."7

Há mais de um significado para a expressão "sociedade". Fala-se em "sociedade", quando duas ou mais pessoas tornam-se "sócias" de um negócio, de uma empresa. Uma associação de seres humanos, num determinado período histórico e numa determinada região geográfica também pode ser denominada "sociedade". Para a Sociologia, entretanto, define-se sociedade como sendo o "conjunto das relações sociais existentes em determinado território e momento histórico."8

"A Sociologia, na verdade, delimita seu campo de estudo remetendo à sociedade moderna, capitalista".9 O motivo de alguns sociólogos dedicarem-se ao estudo de sociedade pré-capitalistas, "encontra-se justamente na tentativa de explicar a formação da sociedade capitalista"10, fornecendo elementos de análise da sociedade moderna.

Referências
  1. Capítulo 1 de "Introdução à Sociologia", do professor Nildo Viana, pág. 9
  2. Idem, pág. 9
  3. Idem, pág. 10
  4. Idem, pág. 10
  5. Idem, pág. 10
  6. Idem, págs. 10-11
  7. Idem, pág. 12
  8. Idem, pág. 13
  9. Idem, pág. 13
  10. Idem, pág. 14

terça-feira, 2 de abril de 2013

Teorias do Jornalismo - Aula 2

Debate sobre os textos "Estrutura da Notícia" e "Linguagem Jornalística", de Nilson Lage.